quinta-feira, 24 de junho de 2010

Hidrocefalia



O que é Hidrocefalia?
Hidrocefalia vem do grego: hidro significa água, céfalo cabeça. Hidrocefalia é um acúmulo anormal de fluído - fluído cerebroespinhal, ou FCE - nas cavidades dentro do cérebro chamadas ventrículos. O fluído cérebro espinhal é produzido nos ventrículos, circula através do sistema ventricular e é absorvido na corrente sangüínea. O fluído cérebro espinhal está em constante circulação e tem muitas funções importantes. Ele envolve o cérebro e a medula espinhal agindo como uma almofada de proteção contra ferimentos. O fluído cérebro espinhal contém nutrientes e proteínas que são necessárias para a nutrição e funcionamento normal do cérebro. Ele também carrega produtos eliminados dos tecidos adjacentes. Hidrocefalia ocorre quando há um desequilíbrio entre o montante de fluído cérebro espinhal que é produzido e a quantidade que é absorvido. Por aumentar a quantidade de fluído cérebro espinhal, os ventrículos se dilatam e a pressão dentro da cabeça aumenta.

O que causa Hidrocefalia?
A Hidrocefalia congênita (presente no nascimento) supõe-se ser causada por uma interação complexa de fatores genéticos e ambientais. Estenose de aqueduto, uma obstrução do aqueduto cerebral, é a mais freqüente causa de Hidrocefalia congênita. Hidrocefalia adquirida pode ser resultado de Espinha Bífida, hemorragia intraventricular, meningite, trauma na cabeça, tumores e cistos. A hidrocefalia atinge, no mundo, cerca de uma em cada 500 crianças nascidas.

Como a Hidrocefalia é tratada?
Não há modo conhecido para prevenir ou curar Hidrocefalia. Atualmente, o tratamento mais eficaz é a inserção cirúrgica de uma válvula. Um catéter, que é um tubo flexível colocado no sistema ventricular do cérebro, direciona o fluxo de fluído cérebro espinhal para outra parte do corpo, normalmente a cavidade abdominal ou uma câmara do coração, onde ele é absorvido. A válvula conjugada ao catéter mantém o fluído cérebro espinhal numa pressão normal dentro dos ventrículos. Este procedimento é executado por um neurocirurgião.
Pneumonia

A pneumonia é uma doença na qual os sacos pequenos cheios de ar nos pulmões (alvéolos), responsáveis por absorver oxigênio da atmosfera, ficam inflamados e inundados com fluido. Pneumonia é uma doença comum, que afeta todos as faixas etárias, e é uma das principais causas de morte entre idosos e pessoas cronicamente doentes. Existem vacinas para prevenir alguns tipos de pneumonia.


Causas da pneumonia

Pneumonia pode ter várias causas, incluindo infecção por bactérias, vírus, fungos ou parasitas. Pneumonia também pode resultar de irritação química ou física nos pulmões. Abuso de álcool e outras doenças médicas, como câncer no pulmão, podem ocasionar pneumonia. A pneumonia também pode ter causa desconhecida, porém o mais comum é que ela seja provocada por invasão de microorganismo, geralmente vírus ou bactéria, nos pulmões que provoca resposta do sistema imunológico à infecção.



Sintomas da pneumonia

Os sintomas associados à pneumonia incluem tosse, dor no peito, febre e dificuldade de respirar. As pessoas com pneumonia geralmente têm uma tosse que produz catarro esverdeado ou amarelo. Febre alta pode vir acompanhada de tremores. A falta de ar também é comum, assim como dor no peito durante respiração profunda ou tosse.




Pessoas com pneumonia podem tossir sangue e experimentar dor de cabeça. Outros sintomas possíveis são perda de apetite, fadiga, pele azulada, náusea, vômito, alterações de humor, dor nas articulações ou dores musculares. Em idosos as manifestações dos sintomas da pneumonia podem não ser típicos. Eles podem desenvolver confusão ou experimentar falta de equilíbrio, que pode ocasionar quedas. Crianças pequenas podem ter muitos dos sintomas descritos, porém em muitos casos ficam simplesmente sonolentos e com menos apetite. Os sintomas de pneumonia requerem avaliação médica imediata.




Diagnóstico da pneumonia

Se há suspeita de pneumonia baseada nos sintomas e achados encontrados no exame físico feito pelo médico, mais investigações são necessárias para confirmar o diagnóstico. As ferramentas para diagnóstico incluem exame do catarro e raio-x. O raio-x é geralmente usado para diagnóstico em hospitais e algumas clínicas com esse instrumento. Ocasionalmente, tomografia computadorizada do peito ou outros testes podem ser necessários para distinguir pneumonia de outras doenças.




Tratamento da pneumonia

O tratamento depende da causa da pneumonia. Pneumonia bacteriana é tratada com antibióticos. O prognóstico depende do tipo de pneumonia, tratamento adequado, complicações e estado de saúde geral. A maioria dos casos de pneumonia pode ser tratada sem hospitalização. Geralmente antibióticos orais, descanso e fluidos são suficientes. Porém, pessoas com pneumonia que têm problema para respirar, idosos e aqueles com outros problemas médicos, podem necessitar tratamento mais avançado. Se os sintomas piorarem, a pneumonia não melhorar com tratamento em casa, ou ocorrerem complicações, a pessoa geralmente deve ser hospitalizada. Pessoas que têm dificuldade de respirar devido à pneumonia podem necessitar oxigênio extra. Indivíduos extremamente doentes podem necessitar de cuidados intensivos, muitas vezes incluindo intubação e ventilação artificial.
Esclerose múltipla

O que é esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença imprevisível do sistema nervoso central, que pode variar de relativamente benigna até incapacitante quando a comunicação entre o cérebro e outras partes do corpo é interrompida. Muitos pesquisadores acreditam que a esclerose múltipla seja uma doença auto-imune, quando o sistema imunológico do corpo ataca seus próprios tecidos. No caso da esclerose múltipla a mielina que envolve os nervos seria atacada. Esses ataques poderiam estar ligados a um gatilho do ambiente, como um vírus.



Sintomas da esclerose múltipla

A maioria das pessoas experimenta os primeiros sintomas de esclerose múltipla entre os 20 e 40 anos de idade. Os sintomas iniciais de esclerose múltipla são geralmente visão dupla ou turva, distorção das cores vermelha/verde, ou até cegueira em um dos olhos. A maioria das pessoas com esclerose múltipla experimenta fraqueza muscular nas extremidades e dificuldades de coordenação e equilíbrio. Esses sintomas podem ser fortes o suficiente para prejudicar a caminhada e até ficar de pé.




Nos piores casos, esclerose múltipla produz paralisia parcial ou completa. A maioria da pessoas com esclerose múltipla também exibe parestesia, que são sensações transitória anormais como de picada ou formigamento. Algumas também podem sofrer dor. Outros problemas freqüentes são problemas na fala, tremores e tontura. Ocasionalmente, pessoas com esclerose múltipla podem ter perda de audição. Aproximadamente metade das pessoas com esclerose múltipla têm problemas cognitivos -- como dificuldade de concentração, atenção e memória -- porém esses são geralmente moderados. Depressão é outro possível sintoma de esclerose múltipla.


Tratamento da esclerose múltipla

Não existe cura para esclerose múltipla. Muito pacientes vão bem sem nenhuma terapia, especialmente uma vez que muitos remédios têm efeitos colaterais sérios e alguns carregam risco significativo. Opções de tratamento com medicação são beta interferon, novantrone e de forma sintética da mielina. Ainda que esteróides não afetem o curso da esclerose múltipla, eles podem reduzir a duração e gravidade dos ataques em alguns pacientes. Espasticidade, que pode ocorrer com o aumento do tônus muscular ou pelos espasmos, geralmente é tratada com relaxantes musculares e tranqüilizantes.




Fisioterapia e exercícios físicos podem ajudar a preservar a função. Para prevenir a fadiga fisiológica, os pacientes podem evitar atividades excessivas e calor. Caso sintomas psicológicos da fadiga -- como depressão ou apatia -- sejam evidentes, antidepressivos podem ajudar. Pode-se também usar medicamentos para reduzir a fadiga em alguns pacientes com esclerose múltipla.




Prognóstico para pacientes com esclerose múltipla

Um médico pode diagnosticar esclerose múltipla em pacientes logo depois do aparecimento da doença. Porém, em algumas pessoas, o médico pode não ser capaz de identificar imediatamente a causa dos sintomas, ocasionando anos de diagnóstico incerto. A grande maioria das pessoas com esclerose múltipla é afetada moderadamente, mas nos casos piores a doença pode tornar o paciente incapaz de escrever, falar ou caminhar. A esclerose múltipla é uma doença com tendência natural de regredir espontaneamente, e para a qual não há tratamento universalmente eficiente.

HPV

O que é HPV?
É a sigla em inglês para papiloma vírus humano. Os HPV são vírus da família Papilomaviridae (Fig. 1), capazes de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente.

Qual a relação entre os HPV e o câncer do colo do útero?
Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV. Eles são classificados em de baixo risco de câncer e de alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.

Quais são eles?
Os vírus de alto risco, com maior probabilidade de provocar lesões persistentes e estar associados a lesões pré-cancerosas são os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 58 e outros. Já os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais (ou condilomas genitais) e papilomas laríngeos, parecem não oferecer nenhum risco de progressão para malignidade, apesar de serem encontrados em pequena proporção em tumores malignos.
Fonte: Monaghan J M, Morrow C P, Tattersall M H N, 1992, pg. 58 Fig  4.1, Gynecologic Oncology Second Edition Volume 1
Fig. 1

Os HPV são facilmente contraídos?
Estudos no mundo comprovam que 50% a 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV (Figura 2) em algum momento de suas vidas. Porém, a maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, principalmente entre as mulheres mais jovens. Qualquer pessoa infectada com HPV desenvolve anticorpos (que poderão ser detectados no organismo), mas nem sempre estes são suficientemente competentes para eliminar os vírus.
Fonte: Bonfiglio T A, Erozan Y S, 1997, pg 86 Fig. D, Gynecologic  Cytopathology
Fig. 2 - Células infectadas pelo vírus HPV

Como os papilomavírus são transmitidos?
A transmissão é por contato direto com a pele infectada. Os HPV genitais são transmitidos por meio das relações sexuais, podendo causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. Também existem estudos que demonstram a presença rara dos vírus na pele, na laringe (cordas vocais) e no esôfago. Já as infecções subclínicas são encontradas no colo do útero. O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é bastante raro.

Fonte: Monaghan J M, Morrow C P, Tattersall M H N, 1992, pg. 1115  Fig A, Gynecologic Oncology Second Edition Volume 2
Fig. 3
Como são essas infecções?
As infecções clínicas mais comuns na região genital são as verrugas genitais ou condilomas acuminados, popularmente conhecidas como "crista de galo" (Fig. 3). Já as lesões subclínicas não apresentam nenhum sintoma, podendo progredir para o câncer do colo do útero caso não sejam tratadas precocemente.

Como as pessoas podem se prevenir dos HPV?
O uso de preservativo (camisinha) diminui a possibilidade de transmissão na relação sexual (apesar de não evitá-la totalmente). Por isso, sua utilização é recomendada em qualquer tipo de relação sexual, mesmo naquela entre casais estáveis.


Como os papilomavírus podem ser diagnosticados?
As verrugas genitais encontradas no ânus, no pênis, na vulva ou em qualquer área da pele podem ser diagnosticadas pelos exames urológico (pênis), ginecológico (vulva) e dermatológico (pele). Já o diagnóstico subclínico das lesões precursoras do câncer do colo do útero, produzidas pelos papilomavírus, é feito através do exame citopatológico (exame preventivo de Papanicolaou). O diagnóstico é confirmado através de exames laboratoriais de diagnóstico molecular, como o teste de captura híbrida e o PCR.

Onde é possível fazer os exames preventivos do câncer do colo do útero?
Postos de coleta de exames preventivos ginecológicos do Sistema Único de Saúde (SUS) estão disponíveis em todos os estados do país e os exames são gratuitos. Procure a Secretaria de Saúde de seu município para obter informações.

Quais os riscos da infecção por HPV em mulheres grávidas?
A ocorrência de HPV durante a gravidez não implica obrigatoriamente numa má formação do feto nem impede o parto vaginal (parto normal). A via de parto (normal ou cesariana) deverá ser determinada pelo médico após análise individual de cada caso.

É necessário que o parceiro sexual também faça os exames preventivos?
O fato de ter mantido relação sexual com uma mulher infectada pelo papilomavírus não significa que obrigatoriamente ocorrerá transmissão da infecção. De qualquer forma, é recomendado procurar um urologista que será capaz - por meio de peniscopia (visualização do pênis através de lente de aumento) ou do teste de biologia molecular (exame de material colhido do pênis para pesquisar a presença do DNA do HPV), identificar a presença ou não de infecção por papilomavírus.

Fonte: Monaghan J M, Morrow C P, Tattersall M H N, 1992, pg. 1115  Fig D, Gynecologic Oncology Second Edition Volume 2
Fig. 4 - Região genital após o tratamento com o laser

Qual o tratamento para erradicar a infecção pelo papilomavírus?
A maioria das infecções é assintomática ou inaparente e de caráter transitório. As formas de apresentação são clínicas (lesões exofíticas ou verrugas) e subclínicas (sem lesão aparente). Diversos tipos de tratamento podem ser oferecidos (tópico, com laser, cirúrgico). Só o médico, após a avaliação de cada caso, pode recomendar a conduta mais adequada (Fig. 4).


Qual é o risco de uma mulher infectada pelo HPV desenvolver câncer do colo do útero?
Embora estudos epidemiológicos mostrem que a infecção pelo papilomavírus é muito comum (de acordo com os últimos inquéritos de prevalência realizados em alguns grupos da população brasileira, estima-se que cerca de 25% das mulheres estejam infectadas pelo vírus), somente uma pequena fração (entre 3% a 10%) das mulheres infectadas com um tipo de HPV com alto risco de câncer desenvolverá câncer do colo do útero.




Há algum fator que aumente o risco de a mulher desenvolver câncer do colo do útero?
Há fatores que aumentam o potencial de desenvolvimento do câncer de colo do útero em mulheres infectadas pelo papilomavírus: número elevado de gestações, uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional), tabagismo, pacientes tratadas com imunosupressores (transplantadas), infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes e clamídia).


As vacinas contra o HPV


O que é a vacina contra o HPV?
É a vacina criada com o objetivo de prevenir a infecção por HPV e, dessa forma, reduzir o número de pacientes que venham a desenvolver câncer de colo de útero. Apesar das grandes expectativas e resultados promissores nos estudos clínicos, ainda não há evidência suficiente da eficácia da vacina contra o câncer de colo do útero. Foram desenvolvidas duas vacinas contra os tipos mais presentes no câncer de colo do útero (HPV-16 e HPV-18). Mas o real impacto da vacinação contra o câncer de colo de útero só poderá ser observado após décadas. Há duas vacinas comercializadas no Brasil. Uma delas é quadrivalente, ou seja, previne contra os tipos 16 e 18, presentes em 70% dos casos de câncer de colo do útero e contra os tipos 6 e 11, presentes em 90% dos casos de verrugas genitais. A outra é específica para os subtipos 16 e 18.

Qual o impacto desta nova tecnologia para a política de atenção oncológica e para o SUS?
É fundamental deixar claro que a adoção da vacina não substituirá a realização regular do exame Papanicolaou (preventivo). Trata-se de mais uma estratégia possível para o enfrentamento do problema. Ainda há muitas perguntas relativas à vacina sem respostas:

- Ela só previne contra as lesões pré-cancerosas ou também contra o desenvolvimento do câncer de colo de útero?
- Qual o tempo de proteção conferido pela vacina?
- Levando-se em conta que a maioria das infecções por HPV é facilmente debeladas pelo sistema imunológico, como a vacinação afeta a imunidade natural contra o HPV?
- Como a vacina afeta outros tipos de HPV associados ao câncer de colo de útero?
- Se os tipos 16 e 18 forem efetivamente suprimidos, outros tipos podem emergir como potencialmente associados ao câncer de colo do útero?

Todas essas perguntas precisam ser respondidas antes de a vacinação ser recomendada como política de atenção oncológica.

Um comitê de Acompanhamento da Vacina, formado por representantes de diversas instituições ligadas à Saúde e liderado pelo INCA, avalia, periodicamente, se é oportuno recomendar a vacinação em larga escala no país. Até o momento, o comitê decidiu pela não incorporação da vacina contra o HPV no Programa Nacional de Imunizações (PNI).

Como a vacina funciona?
Estimulando a produção de anticorpos específicos para cada tipo de HPV. A proteção contra a infecção vai depender da quantidade de anticorpos produzidos pelo indivíduo vacinado, a presença destes anticorpos no local da infecção e a sua persistência durante um longo período de tempo.

Existe risco de infecção pela vacina?
Não. No desenvolvimento da vacina conseguiu-se identificar a parte principal do DNA do HPV. Depois, usando-se um fungo (Sacaromices cerevisiae), obteve-se apenas a “capa” do vírus, que mostrou induzir fortemente a produção de anticorpos quando administrada em humanos.

Qual o tempo de proteção após a vacinação?
A duração da imunidade conferida pela vacina ainda não foi determinada, visto que só começou a ser comercializada no mundo há cerca de dois anos. Até o momento, só se tem convicção de cinco anos de proteção. Na verdade, embora se trate da mais importante novidade surgida na prevenção à infecção pelo HPV, ainda é preciso delimitar qual seu alcance sobre a incidência e a mortalidade do câncer de colo do útero.

A forma como as informações sobre o uso e a eficácia da vacina têm chegado à população brasileira é adequada?
Não. É preciso que fabricantes, imprensa, profissionais e autoridades de saúde estejam conscientes de sua responsabilidade. É imprescindível esclarecer sob que condições a vacina pode se tornar um mecanismo eficaz de prevenção para não gerar uma expectativa irreal de solução do problema e desmobilizar a sociedade e seus agentes com relação às políticas de promoção e prevenção que vêm sendo realizadas. Deve-se informar que, segundo as pesquisas, as principais beneficiadas serão as meninas antes da fase sexualmente ativa, que as mulheres deverão manter a rotina de realização do exame Papanicolaou e que, mesmo comprovada a eficácia da vacina e sua aplicação ocorra em larga escala, uma redução significativa dos indicadores da doença pode demorar algumas décadas
Síndrome dos ovários policísticos (SOP)

A mulher que apresenta ovários policísticos produz uma quantidade maior de hormônios masculinos, os andrógenos, fator que pode afetar a fertilidade feminina. O principal problema que este desequilíbrio hormonal provoca está relacionado com a ovulação. A testosterona produzida pela mulher interfere nesse mecanismo e, ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade da incidência de cistos, porque eles resultam de um defeito na ação dos hormônios do ovário, impedindo a ovulação.

1) Quais são os principais sintomas da síndrome dos ovários policísticos? São as alterações menstruais. A mulher menstrua a cada dois ou três meses e, freqüentemente, tem apenas dois ou três episódios de menstruação por ano. Outro sintoma é o hirsutismo, ou seja, o aumento de pêlos no rosto, nos seios e
na região mediana do abdômen. A obesidade também é um sintoma freqüente. Na verdade, a obesidade piora a Síndrome. Às vezes, a paciente não tem as manifestações sintomáticas, mas quando engorda, elas aparecem.

2) Alterações menstruais muitas mulheres têm. Existe algum tipo que seja característico da síndrome do ovário policístico?
Menstruações espaçadas é a principal característica dessas alterações. Mulheres com ovários policísticos têm apenas dois, três ou quatro episódios menstruais por ano.

3) Em que fase da vida da mulher, a Síndrome costuma aparecer?
Ela começa na puberdade e vai até a menopausa. Alguns casos tornam-se assintomáticos com o tratamento, mas é uma doença crônica. Por isso, é comum a mulher com ovário policístico procurar vários especialistas, ao longo da vida, em busca de tratamento. No entanto, a importância que se dá ao caso, depende da fase da vida que a mulher atravessa. Na puberdade e na adolescência, os pêlos causam maior incômodo. Depois, na idade do casamento, preocupam as alterações menstruais, que podem ser sinal de infertilidade. Há, também, o momento em que a obesidade representa o maior inconveniente. A Síndrome assume maior ou menor relevância, de acordo com a fase de vida da mulher e, conseqüentemente, o tratamento deve respeitar os sintomas que se destacam em determinado período.

4) Como se faz o diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos?
O diagnóstico da doença ficou muito facilitado com o emprego do ultra-som. Antigamente, fazíamos uma pneumopelvigrafia, um exame invasivo porque se aplicava uma injeção de ar no abdômen para visualizar melhor os órgãos pélvicos e tirava-se uma radiografia. Hoje, a sonda do ultra-som sobre a superfície externa do abdômen permite um diagnóstico preciso. Normalmente, os ovários policísticos são visualizados por meio do exame de ultra-som ou no de toque realizado no exame ginecológico de rotina. Às vezes, basta examinar a paciente para localizar os dois ovários aumentados. O ovário tem mais ou menos 9cm³. O ovário policístico chega a ter 20cm³, quer dizer, o dobro do volume. Além disso, sua aparência é típica: fica coberto por uma capa branca semelhante à albugínea que envolve o testículo, e os cistos formam uma saliência na superfície.

5) Qual a diferença entre cisto no ovário e ovário policístico?
A diferença está no tamanho e no número de cistos. Geralmente, na Síndrome, existem de 10 a 20 pequenos cistos com meio centímetro de diâmetro, enquanto os cistos de ovário são únicos e bem maiores, medindo de 3 a 10 cm. Eles só não são únicos nos casos de estimulação ovariana para fertilização assistida, quando podem ocorrer de cinco a dez cistos grandes. Se a mulher faz um ultra-som e encontra um cisto grande no ovário, isso não quer dizer que ela corra risco maior de desenvolver a Síndrome dos Ovários Policísticos. Não há esse perigo. Essa mulher tem, provavelmente, uma alteração no controle da função ovariana que leva à produção do cisto. Ela pode ter um problema no hipotálamo ou na hipófise, que não faz parte da Síndrome dos Ovários Policísticos, uma patologia crônica para a qual ainda não se descobriu a cura.

6) A mulher com síndrome de ovários policísticos produz mais testosterona que a mulher normal?
Quais as conseqüências deste desequilíbrio hormonal? É importante dizer que todas as mulheres produzem fisiologicamente hormônios masculinos. Na mulher, uma das funções dos andrógenos é justamente aumentar a libido. O principal problema que este desequilíbrio hormonal provoca está relacionado com a ovulação. A testosterona interfere nesse mecanismo e, ao mesmo tempo, aumenta a possibilidade da incidência de cistos, porque eles resultam de um defeito na ação dos hormônios do ovário e isso impede a ovulação. Os cistos representam a parada do desenvolvimento dos folículos para ovular. O folículo, normalmente, atinge um estágio em que arrebenta e expele o óvulo. Quando isso não acontece, um líquido se acumula nesse local. Como mais ou menos dez folículos se desenvolvem todos os meses, surgirão dez ou quinze pequenos cistos característicos do ovário policístico. No entanto, essa mulher não ovula porque lhe faltam condições endócrinas para tanto.

7) O aparecimento da acne é muito freqüente nesse tipo de síndrome?
A acne é um sintoma comum na Síndrome dos Ovários Policísticos. Quando o andrógeno atua sobre o sistema pilossebáceo, aumenta a produção de pêlos e a de material oleoso pelas glândulas sebáceas, o que facilita a instalação das infecções características da acne. É importante que a causa da

acne em adolescentes seja pesquisada, pois pode tratar-se de ovários policísticos.

8) Quais as possibilidades terapêuticas para o tratamento da Síndrome dos Ovários Policísticos?
O tratamento depende da fase de vida da mulher. O que é mais importante em determinado momento e qual o sintoma que mais a incomoda são perguntas que o médico que a assiste deve fazer. Como se trata de uma doença crônica, não há cura da síndrome, e sim, tratamento dos sintomas. Uma adolescente de 15/16 anos, obesa, com pêlos e acne e perturbações menstruais, precisa primeiro tentar emagrecer. Às vezes, só a perda de peso provoca a reversão do quadro, porque a obesidade gera resistência à insulina e essa resistência produz o aumento de andrógenos, os hormônios masculinos. Se ela não for obesa, torna-se necessário diminuir a produção dos hormônios masculinos e uma das maneiras mais simples de fazê-lo é por meio da pílula anticoncepcional. Qualquer pílula, não precisa ser uma em especial, porque todas deprimem a função ovariana e, portanto, diminuem a produção de hormônio masculino. O anticoncepcional atua também na unidade pilossebácea, reduzindo o crescimento dos pêlos e a produção de sebo. Dessa forma, melhoram os quadros de hirsutismo, acne e as alterações menstruais, uma vez que a pílula regulariza os ciclos menstruais.

9) Como a infertilidade está associada à Síndrome dos Ovários Policísticos?
Até os 23 anos de idade, mais ou menos, mulheres com a Síndrome podem ovular esporadicamente. Sabe-se que nem todas as menstruações que ocorrem espaçadamente são ovulatórias, mas algumas são, e a mulher consegue engravidar. É muito comum a referência de que antes dos 23 anos, elas tiveram um ou dois filhos. Depois, não conseguiram mais engravidar. Essa é uma das patologias mais simples de serem tratadas porque as mulheres, em geral, respondem ao indutor da ovulação mais corriqueiro que existe, o clomifeno. Ele é administrado por via oral, cinco dias por ciclo, a partir do primeiro dia e é capaz de corrigir as anomalias endócrinas e provocar ovulação. Grande parte das mulheres responde bem ao tratamento e engravida. Infelizmente, algumas não conseguem porque as condições locais ficaram ruins ou o estroma produz muito andrógeno e é necessário adotar outra tática, como estimular os ovários com gonadotrofinas, o que se faz normalmente na fertilização in-vitro. Atualmente, não empregamos mais a técnica de ressecção em cunha dos ovários. O que se faz é a cauterização laparoscópica. Através de três pequenas incisões na parede abdominal, os cistos são cauterizados. Com isso, as pacientes começam a menstruar, ovular e ficam grávidas. Muitas chegam a menstruar regularmente até a menopausa.

10) E quando estas mulheres com ovários policísticos chegam à menopausa, os problemas desaparecem?
Em conseqüência do hiperinsulinismo, essas mulheres, ao chegar à menopausa, apresentam maior risco de apresentar distúrbios cardiovasculares. Mais freqüentemente, elas são hipertensas e desenvolvem diabetes do tipo II, justamente aquele que não é insulinodependente, porque têm resistência à insulina. Por isso, elas devem procurar tratamento pelo menos para normalizar essa resistência à insulina. Assim, independentemente da idade, quando uma mulher tem hiperinsulinismo, uma das tentativas é utilizar a metilformina, uma substância que aumenta a sensibilidade à insulina. De 40% a 50% das pacientes respondem bem a esse esquema terapêutico, as menstruações se regularizam, os níveis de testosterona baixam e elas engravidam.

Congestão

• O que é realmente a congestão?

A congestão é, na realidade, uma alteração aguda da digestão, ou seja, uma interrupção da digestão. Essa alteração pode acontecer em qualquer nível, mas na grande maioria das vezes, acontece quando o alimento ainda se encontra dentro do estômago. Geralmente na fase inicial da digestão alguma interferência faz com que essa digestão se interrompa ou se faça de uma forma inadequada. Congestão é um termo popular, pois em termos médicos se falaria que essa pessoa teve uma indigestão ou uma dispepsia aguda.

• O que pode provocar uma indigestão?

Na realidade não existe uma causa única. Pode ser causada desde um abuso alimentar, assim como alguns hábitos que não devem ser praticados ou realizados após uma refeição. Mas na maioria das vezes ocorre por um excesso ou exagero na alimentação.

• Quais são os sintomas da congestão?

Inicialmente, o paciente que estiver com a congestão vai ter os sintomas que se referem ao estômago. Então ele vai começar a se sentir mal com uma sensação de peso e de que não está fazendo a digestão, associada a uma distensão (estufamento) do abdômen, sintomas de enjôo e náuseas, isso numa fase mais inicial. Dependendo da progressão e da intensidade isso também pode acompanhar de sintomas gerais, como um mal estar, sensação de desmaio, suor, extremidades frias e palidez da pele são alguns dos sintomas ao nível do aparelho digestivo, acompanhados ou não, de sintomas gerais.

• Por exemplo, a leitura depois do almoço pode causar uma congestão?

Geralmente não. O esforço que você faz ao ler é um esforço pequeno e isso não é uma causa de congestão.

• E tomar banho após a refeição, dá congestão?

Também não. Isso é um mito, mas realmente não é verdade.

• Como nós podemos perceber que uma pessoa está tendo uma congestão?

Pelos sintomas que eu já citei anteriormente, o paciente após ingerir alimentos, na maioria das vezes, em excesso, começa a se sentir mal. Então ele começa a referir desconforto na região do estômago, distensão, estufamento, sensação de vômito, náuseas e progredindo até mesmo para uma sensação de que vai desmaiar ou cair, que a pressão está se alterando, está pálido e com suor. Esses sintomas numa pessoa que acabou de comer ou após uma refeição recente, você deve pensar que realmente ele está se sentindo mal em decorrência daquela refeição que ele acabou de fazer.

• O que pode ser feito para ajudar uma pessoa quando ela está sofrendo de congestão?

A primeira coisa é ficar tranqüilo e tentar tranqüilizar essa pessoa. Ambientes bem ventilados, se ela está com uma roupa bem apertada, afrouxar as roupas, deitar essa pessoa se ela estiver com uma sensação de desmaio, evitar dar medicação porque, na grande maioria das vezes, isso vai acabar passando ou se resolvendo espontaneamente.

• Quando a pessoa passa mal e se automedica, por exemplo, com efervescentes. Isso é correto?

Uma pessoa que está tendo uma congestão, além das medidas gerais de tranquilização, o uso de alguns medicamentos geralmente receitados por leigos, na fase aguda, esse medicamento vai dar um certo alívio porque ele vai auxiliar o estômago a fazer a digestão. São os efervescentes, os antiácidos e pode-se também associar medicamentos que evitem a náusea e o vômito. Mas a gente prefere que não se use nada porque a congestão é realmente um fato bem agudo e que, na maioria das vezes, vai passar dentro de algumas horas, por isso, deve-se evitar a medicação. Ela pode ser usada, mas deve ser evitada. Usada só em último recurso e se houver necessidade, encaminhar essa pessoa a um serviço médico de urgência.

• É possível morrer de congestão?

Não. A congestão em si, ou a indigestão dificilmente leva uma pessoa ao óbito. O que pode acontecer é que se essa pessoa tem outras doenças, ela pode, de repente, desencadear uma crise de hipertensão ou outras coisas, mas isso é muito raro e só da congestão a pessoa não vai morrer.

• Quais os alimentos que podem causar congestão?

Qualquer tipo de alimento pode causar uma congestão ou uma indigestão. Na realidade o que vai depender é a quantidade que essa pessoa comeu, a forma com que ela comeu, o horário que ela comeu ou o que ela fez após ter se alimentado. Principalmente o que causa a congestão é o excesso, na grande maioria das vezes.

• Após as refeições é necessário esperar para praticar atividades físicas, como, por exemplo, mergulhar?

Na realidade, após uma refeição nós devemos aguardar um certo tempo para fazer alguma atividade física maior, porque nesse momento pós-refeição, o nosso sangue está direcionado para o aparelho digestivo, para melhorar a absorção e a digestão. Então se você vai praticar uma atividade física muito pesada, esse sangue que está indo para o aparelho digestivo vai ser direcionado para os músculos e isso pode causar uma interrupção dessa digestão que estava ocorrendo. O ideal e recomendado, é que após uma refeição não se pratique atividades físicas pesadas.

• Existe diferença no tempo de digestão de um alimento para o outro?

Com certeza. Sabemos que os líquidos geralmente saem rapidinho do estômago, pois você os ingere e em pouco tempo, ele já passou do estômago e está ao nível do intestino. Já os alimentos, quanto mais gordurosos, mais tempo eles vão demorar em serem digeridos. Os carboidratos (massas e açúcares) já têm uma digestão muito mais rápida e as proteínas (carne, leite) têm um tempo de digestão intermediária, ou seja, não tão rápido quanto às massas e nem tão demorado quanto à gordura. Então o tipo de refeição que você faz vai interferir no tempo que o seu estômago vai gastar para digerir e isso também implica em quanto tempo você deve esperar para fazer uma atividade física depois.

• É bom repousar depois das refeições?

Após uma refeição, o sangue é direcionado num fluxo maior para o aparelho digestivo, por isso, você deve evitar atividades físicas vigorosas, não necessariamente você tenha que deitar após uma refeição. Inclusive, em algumas doenças do estômago, a gente pede para que o paciente não deite após as refeições. O que deve ser evitado é fazer uma atividade física grande e vigorosa.

Endometriose

Endometriose é uma doença que acomete as mulheres em idade reprodutiva e que consiste na presença de endométrio em locais fora do útero. Endométrio é a camada interna do útero que é renovada mensalmente pela menstruação.
Os locais mais comuns da endometriose são: Fundo de Saco de Douglas ( atrás do útero ), septo reto-vaginal (tecido entre a vagina e o reto ), trompas, ovários, superfície do reto, ligamentos do útero, bexiga, e parede da pélvis.
O principal sintoma da endometriose é a dor, as vezes muito forte, na época da menstruação. Dores para ter relações também são comuns. Mas muitas mulheres que tem endometriose não sentem nada. Apenas tem dificuldade em engravidar. Por outro lado ter endometriose não é sinônimo de infertilidade, muitas mulheres com endometriose engravidam normalmente. 30 a 40 % das mulheres que tem endometriose tem dificuldade em engravidar.

Causas

Há diversas teorias sobre as causas da endometriose. Há evidências que sugerem ser uma doença genética. Outras sugerem ser uma doença do sistema de defesa. Na realidade sabe-se que as células do endométrio podem ser encontradas no líquido peritoneal em volta do útero em grande parte das mulheres. No entanto apenas algumas mulheres desenvolvem a doença. Estima-se que 6 a 7 % das mulheres tenham endometriose.
Para finalidades didáticas a endometriose foi classificada em graus de I a IV. Na prática verificou-se que estes graus não refletem obrigatoriamente a gravidade da doença ou suas chances de tratamento. Muitas vezes uma endometriose grau I é pior, em termos de fertilidade e sintomas, que uma de grau IV.
O diagnóstico de suspeita da endometriose é feito através da história clínica, ultra-som endovaginal, exame ginecológico, e alguns exames de laboratório.Pesquisas do Laboratório Fleury em São Paulo e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo mostram que o ultra-som endovaginal é o primeiro método para diagnosticar a endometriose.
Esta pesquisa mostra ainda que após o ultra-som endovaginal pode se realizar a Ressonância Magnética da Pélvis para o diagnóstico da endometriose profunda.
A certeza, porém, só pode ser dada através do exame anatomopatológico da lesão, ou biópsia. Esta pode ser feita através de cirurgia, laparotomia, ou, preferível, laparoscopia. Laparoscopia é um procedimento de exame e manipulação da cavidade abdominal através de instrumentos de ótica e/ou vídeo bem como de instrumentos cirúrgicos delicados que são introduzidos através de pequenos orifícios no abdome. É um procedimento cirúrgico realizado geralmente com anestesia geral.

Tratamento

Atualmente não há cura para a endometriose. No entanto a dor e os sintomas dessa doença podem ser diminuídos. As principais metas do tratamento são:
-Aliviar ou reduzir a dor
-Diminuir o tamanho dos implantes
-Reverter ou limitar a progressão da doença
-Preservar ou restaurar a fertilidade
-Evitar ou adiar a recorrência da doença.
O tratamento cirúrgico pode ser feito com laparotomia ou laparoscopia. Os implantes de endometriose são destruídos por coagulação à laser, vaporização de alta freqüência, ou bisturi elétrico. A decisão cirúrgica é importante. A maior parte dos sucessos terapêuticos ocorrem após uma primeira cirurgia bem planejada. Cirurgias repetidas são desaconselhadas pois aumentam a chance de aderências peritoneais tão prejudiciais como a própria doença.
O tratamento clínico de formas brandas em mulheres que não pretendem engravidar pode ser feito com anticoncepcionais orais ou injetáveis. Há um certo consenso entre os estudiosos que o pior a fazer é não fazer nada já que a doença pode ser evolutiva. Leia também: Benefícios e usos terapêuticos da pílula anticoncepcional
Em mulheres que pretendem engravidar o tratamento pode ser feito com cirurgia e tratamento hormonal ou tratamento hormonal e depois cirurgia.
Varias drogas tem sido usadas Danazol, Lupron, Synarel, Zoladex, Depo-Provera, e Neo-Decapeptil.
O mais importante no tratamento da endometriose é o planejamento das ações terapêuticas em comum acordo com o planejamento da gravidez pelo casal.
Em casos muito severos a gravidez só será possível através de técnicas de fertilização assistida e inseminação artificial.

Endometriose profunda

As lesões que ocorrem acima do septoretovaginal, são chamadas atualmente de endometriose profunda, retro-cervical (atrás do colo uterino). Septo retovaginal é a região que fica entre a vagina e o reto. Corresponde a um tecido fino, que separa estas duas estruturas É uma região delicada, pois a endometriose neste local pode levar a sintomas vaginais e intestinais.
Mais recentemente redefiniu-se septo retovaginal como a região que fica entre a vagina e o intestino, mas abaixo do colo do útero, ou seja, abaixo do terço médio da vagina. As lesões que ocorrem acima desta localização, são chamadas atualmente de endometriose profunda, retro-cervical (atrás do colo uterino).

Sintomas da endometriose profunda

Esta é a forma de endometriose mais sintomática. A dor é o principal problema, seja na menstruação, na relação sexual ou fora da menstruação. Além disto, sintomas intestinais durante a menstruação tais como dor para evacuar, diarréia ou mesmo prisão de ventre e principalmente sangramento anal são importantes. Por fim a paciente pode ter dificuldade para engravidar ou alterações menstruais.
O primeiro elemento no diagnóstico deste tipo de endometriose é a queixa clínica. É fundamental que o médico valorize os sintomas de dor na relação sexual e principalmente os sintomas intestinais, além da cólica. Além disto, um exame físico bem feito é a chave para a continuidade do diagnóstico.
Do ponto de vista laboratorial, O CA 125, dosado no sangue durante os três primeiros dias da menstruação é útil para compor o raciocínio. Um dos pontos que mais evoluiu no diagnóstico é o diagnóstico por imagem. Hoje é possível, por ultra-som transvaginal, feito com preparo intestinal e por profissionais devidamente treinados para isto, definirmos o tamanho da lesão, a localização em relação à vagina e ao intestino.
Para tal, é necessário que a mulher evacue antes do exame (para isto recomendamos o uso de um laxante específico) para que fezes no reto não dificultem a visualização da doença. Como método auxiliar, quando o ultra-som não for suficiente para conduzir o diagnóstico, recomendamos a ecoendoscopia retal, também denominado ecocolonoscopia, que pode complementar o exame de ultra-som. É um exame mais caro e mais complexo, necessitando de sedação, mas que pode fornecer informações adicionais preciosas. Por fim, a ressonância magnética pode auxiliar, apesar de fornecer informações mais pobres que o ultra-som especializado ou a ecoendoscopia retal.

Tratamento

Partindo de uma sugestão diagnóstica de doença profunda, o tratamento de eleição é a ressecção do nódulo preferencialmente por videolaparoscopia.
Esta ressecção depende das camadas intestinais acometidas. Se apenas a musculatura superficial do intestino estiver acometida, recomenda-se a ressecção do nódulo. Se a lesão for mais profunda, se aproximando da mucosa intestinal, indica-se a ressecção do segmento intestinal alterado.
O que é mais importante neste contexto é o preparo adequado do intestino antes de qualquer cirurgia deste tipo, além do preparo da equipe cirúrgica para realizar este procedimento, com a presença de especialistas capacitados para o procedimento. Após o procedimento cirúrgico é recomendado o bloqueio menstrual por três meses com análogos do GnRH, medicações que reduzem temporariamente o nível de estrogênio na mulher.
Se a mulher desejar gestação, é recomendável tratamento dirigido subseqüente para este fim. Caso contrário, é mantido o tratamento com DIU medicado com progesterona ou pílulas anticoncepcionais combinadas. A realização de exercício físico regular e cuidados com o emocional, como com o auxílio de psicoterapia ajudam muito no tratamento. Em situações menos freqüentes, onde houver poucos sintomas, é possível considerar-se o tratamento não cirúrgico, com atenção máxima para estes casos.